Jornal do Brasil/Vanderson Carvalho Neri*
O Acidente Vascular Cerebral (AVC como é conhecido popularmente), é a principal doença primária, em números absolutos, que atinge o sistema nervoso central em nosso país, só perdendo para os traumatismos, que são consideradas causas secundárias de lesão. Trata-se de uma doença de alta prevalência, que atualmente deixou de ser uma enfermidade preferencial da população idosa e vem acometendo em maior número também indivíduos jovens, que anteriormente estavam fora da faixa de riscos para essa condição.
A proposta do governo para abordar esse dilema é aumentar os leitos hospitalares, sobretudo os de UTIs, criar novos centros de referência e amplificar a distribuição de medicamentos específicos, os chamados trombolíticos, que “dissolvem” o coágulo, quando a causa é por uma isquemia cerebral; esse medicamento quando utilizado a tempo, pode evitar sequelas e a até a morte do paciente.
Essas iniciativas, apesar de muito importantes, não serão suficientes para barrar o avanço da doença, que vem seqüelando pessoas de uma ampla faixa etária e em todas as regiões do país, em uma curva ascendente de progressão. Novos leitos hospitalares, fornecimento de recursos diagnósticos e medicamentos e atendimento domiciliar, que devem custar 440 milhões de reais aos cofres públicos, como prevêem as novas propostas, são importantes para implementar as esferas secundária e terciária do atendimento público e essenciais para o diagnóstico complementar e tratamento, mas de lesões já instaladas e para o seguimento de indivíduos já doentes.
Educar e orientar a população parece ser a via mais fácil e barata para combater essa epidemia de pacientes “sequelados” pelo AVC. Para reduzir de fato o impacto da doença em nossa sociedade é preciso ter em mente que prevenir ainda é melhor do que paliar ou remediar.
*Vanderson Carvalho Neri é médico neurologista
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