sábado, 9 de junho de 2012

Vacina contra Alzheimer é bem sucedida em testes clínicos


Veja Saúde-07/06/2012

Tratamento estimula sistema imunológico a atacar proteína que provoca doença

Placas amiloides bloqueiam e matam neurônios do cérebro em pacientes com Alzheimer.
Placas amiloides bloqueiam e matam neurônios do cérebro em pacientes com Alzheimer. (Thinkstock)
Uma vacina que poderá ser usada no tratamento da doença de Alzheimer foi testada com sucesso na Suécia. Segundo estudo do Instituto sueco Karolinska publicado no periódico médico Lancet Neurology, a vacina CAD106 conseguiu fortalecer o sistema imunológico, levando o próprio organismo a destruir as proteínas causadoras da doença.

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DEMÊNCIA
A demência é causada por uma variedade de doenças no cérebro que afetam a memória, o pensamento, o comportamento e a habilidade de realizar atividades cotidianas. O Alzheimer é a causa mais comum de demência e corresponde a cerca de 70% dos casos. Os sintomas mais comuns são: perda de memória, confusão, irritabilidade e agressividade, alterações de humor e falhas de linguagem.
A doença de Alzheimer é uma demência neurológica complexa. De acordo com Organização Mundial de Saúde (OMS), a demência é a epidemia de saúde que mais cresce nos tempos atuais. A hipótese prevalente sobre suas causas envolve a APP (proteína precursora de amiloide), uma proteína da membrana exterior das células nervosas. Em vez de ser quebrada, essa proteína acaba por formar uma substância danosa chamada beta-amiloide, que se acumula como plaquetas e mata as células do cérebro.
Atualmente, não existe cura para o Alzheimer, e os remédios em uso apenas atenuam os sintomas. Na busca por uma cura, cientistas estão seguindo diversas vias de ataque - entre as quais a vacinação é a maior aposta. O primeiro estudo de vacinação em humanos, feito há quase uma década, demonstrou efeitos adversos em demasia e foi descontinuado. A vacina usada nesse estudo ativava determinadas células brancas do sangue (células-T), que começaram a atacar o próprio tecido cerebral.
Pesquisa - O novo tratamento, no entanto, envolve imunização ativa, usando um tipo de vacina desenvolvida para acionar o sistema de defesa do organismo contra os beta-amiloides. Nesse teste, a vacina foi modificada para afetar somente o beta-amiloide danoso – e não mais o tecido cerebral. Os pesquisadores descobriram, então, que 80% dos pacientes desenvolveram seus próprios anticorpos contra o beta-amiloide, sem sofrer quaisquer efeitos adversos durante os três anos do estudo.
Segundo os cientistas, esses resultados sugerem que a vacina CAD106 pode se tornar um tratamento tolerável para pacientes com Alzheimer nos níveis leve ao moderado. Para atestar a real eficácia da vacina, entretanto, serão necessários que testes maiores, com um número maior de voluntários, sejam realizados. 

Ratos voltam a andar após lesão na medula espinhal


Publicado 1 de junho de 2012 r
Um grupo de ratos em um laboratório em Lausanne, Suíça, reaprendeu a andar após ter a medula espinhal lesionada de forma semelhante à que acontece com humanos que ficam paraplégicos.
A técnica de reabilitação combina injeções, estimulação elétrica e uma veste controlada por um equipamento robótico. “Acreditávamos que os ratos recuperassem uma parte dos movimentos em resposta ao nosso sistema de neuroreabilitação robótico. Ficamos, porém, surpresos, com a extensão da recuperação. Os ratos paralisados foram capazes de ultrapassar obstáculos e subir escadas”, afirmou ao iG Janine Heutschi, uma das autoras da pesquisa, da Escola Politécnica Federal de Lausanne.
    Para chegar a este resultado os pesquisadores primeiro injetaram químicos para estimular os neurônios da região em que a medula estava cortada e, em seguida, estimularam eletricamente a região. Esta dupla ação reativou os neurônios do local e refez as conexões entre as duas partes da medula. O passo seguinte foi fazer os ratos caminharem novamente com uma veste suspensa por um braço robótico no qual apenas as patas de trás ficavam no chão. “Fizemos os ratos andarem apenas com as patas de trás para evitar a situação em que as da frente (que não foram afetadas pela lesão) conduzissem os membros paralisados. Ao colocar os ratos em pé sabemos que o movimento deles é gerado apenas devido ao envio de sinais do cérebro à parte lesionada. Portanto, de forma geral, os ratos precisam de estímulos e do controle de equilíbrio dado pela interface robótica para conseguir andar de novo”, explicou Janine.
    O grupo da Politécnica de Lausanne dividiu as cobaias em dois grupos: alguns ratinhos eram obrigados a andar e subir degraus voluntariamente, incentivados por uma guloseima, enquanto o outro andou em uma esteira, sem incentivo. Enquanto os que buscavam o petisco efetivamente subiram os degraus e ultrapassaram obstáculos, o grupo treinado pela esteira não conseguia andar voluntariamente no chão estático. Aparentemente, segundo os resultados, é necessário envolver o centro de decisões do cérebro, com um treinamento ativo, para remodelar os circuitos neurais envolvidos no movimento.
Conexões rompidas foram refeitas com injeções, estimulação elétrica e prótese robótica. Ainda não se sabe se técnica funcionará em humanos, logo, mais estudos são necessários para verificar a viabilidade desse método.

Para ver o vídeo  de como os ratos voltaram a andar, CLIQUE AQUI!


Para humanos, uma realidade ainda distante
A pesquisa comprova que, em certas condições, é possível refazer as conexões mesmo após uma lesão grave na medula e abre a possibilidade de se criar algo semelhante para seres humanos. “Os resultados são encorajadores, mas é preciso ter muita cautela porque existem diferenças muito significativas na organização funcional da medula espinhal de roedores e de primatas”, comentou o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, que também trabalha com reabilitação de paraplégicos e tetraplégicos usando robótica, mas que não esteve envolvido no estudo.
Nicolelis ainda completou: “É bem sabido que a estimulação elétrica da medula espinhal de roedores e felinos pode produzir locomoção quando o animal é colocado numa esteira rolante. No caso de primatas, incluindo o homem, esse fenômeno é bem mais difícil de ser induzido. Assim, estudos em primatas precisam ser realizados com essa técnica para que se tenha mais segurança que existe uma possibilidade mais concreta do método funcionar em seres humanos. De qualquer forma, é um estudo muito elegante e bem feito.”
Infográfico da reabilitação do rato.
Os pesquisadores estão agora planejando fazer estudos clínicos em pessoas com lesão na medula espinhal. “Esses estudos irão mostrar o quanto conseguiremos recuperar os movimentos em humanos com esta técnica”, explicou Janine.
O estudo foi publicado no dia 31/05/12 no periódico científico Science.

CONGRESSO BRASILEIRO DE NEUROLOGIA-GOIÂNIA 2012


Informações e inscrições: http://www.neurogoiania2012.com.br/

Congresso Mundial de AVC-Brasil/2012



Novos critérios diagnósticos para doença de Alzheimer e comprometimento cognitivo leve para o neurologista na prática (“New diagnostic criteria for Alzheimer’s disease and mild cognitive impairment for the practical neurologist”)


Pract Neurol. 2012 Apr;12(2):88-96
Abstract: Quatro artigos na revista Alzheimer’s and Dementia em 2011 descreveram os novos critérios para demência na doença de Alzheimer (DA) e comprometimento cognitivo leve (CCL) causado pelo processo patofisiológico da DA (CCL por DA), assim como seus embasamentos racionais. Os novos critérios também incluem os critérios de DA pré-clínica, mas estes apenas para propósito de pesquisa. Os novos critérios enfatizam que o processo patofisiológico inicia anos, e talvez décadas, antes dos sintomas clínicos, e que os biomarcadores podem detectar a deposição de B-amiloide e seus efeitos neurodegenerativos no encéfalo. Os critérios são recomendações baseada em encontros [de especialistas] e necessitarão de futura validação. Mesmo assim, os autores acreditam que eles são úteis na prática clínica no momento, fornecendo guidelines mais acurados e específicos para o diagnóstico de demência por DA e CCL por DA. Assim que novos métodos diagnósticos e tratamentos para DA se tornem disponíveis, o diagnóstico por estes critérios permitirá que pacientes com demência por DA, CCL por DA e eventualmente DA pré-clínico recebam o melhor manejo possível.
Link: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22450454