terça-feira, 26 de junho de 2012

QUANTAS FIGURAS VOCÊ ESTÁ VENDO?



Se você respondeu que são dois idosos se olhando você acertou. Se você disse que são dois homens sentados, um deles tocando violão, também acertou. Trata-se de um caso de ilusão de óptica clássico, mas a medida que você descobre o mistério não consegue mais se confundir.

QUANTAS PERNAS TEM ESSE ELEFANTE?


QUADRADOS ESQUISITOS

VOCÊ ACHA QUE ESSES QUADRADOS ESTÃO ALINHADOS?



Sim, todos estão alinhados, é o fundo que nos ilude com essa perspectiva. O cérebro foi enganado mais uma vez!!

SERÁ ILUSÃO?

OLHE PARA ESSA FIGURA. OS CÍRCULOS ESTÃO GIRANDO?




Nada está girando; o desenho não se mexe. Os movimentos estão no nosso cérebro; trata-se de uma ilusão de ótica feita para pegar nosso cérebro.

IMAGEM DA SEMANA



IMAGEM DE MICROSCOPIA FLUORESCENTE DE HIPOCAMPO DE RATO


Description: Widefield multiphoton fluorescence image of Rat hippocampus stained to reveal the distribution of glia (cyan), neurofilaments (green) and cell nuclei (yellow). 2nd Prize, 2010 Olympus BioScapes Digital Imaging Competition®.

Author: Thomas Deerinck and the 2010 Olympus BioScapes Digital Imaging Competition®

 http://www.cellimagelibrary.org/images/40967

Jovens tomam medicamento controlado para ‘turbinar’ estudos


Revista Veja
25/062012
São Paulo - Um remédio para tratar transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), que deveria ser vendido apenas com receita médica, passou a ser usado sem prescrição por estudantes e candidatos de concursos públicos interessados em “turbinar” o cérebro para os estudos. Neste ano, o cloridrato de metilfenidato, comercialmente conhecido como Ritalina ou Concerta, apareceu no rol de medicamentos apreendidos pela Polícia Civil em operações para coibir a venda ilegal de fármacos.

Segundo o delegado assistente Paulo Alberto Mendes Pereira, da 2ª Delegacia de Saúde Pública do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), há um ano o metilfenidato não constava na lista de medicamentos apreendidos. “Agora, toda operação com medicamentos irregulares tem Ritalina”, diz o delegado. Isso chamou a atenção porque a droga é usada especialmente em crianças. “Investigando o consumidor final, chegamos aos ‘concurseiros’: gente que está estudando para concursos públicos ou vestibulares concorridos”, esclarece.

Médicos ouvidos pelo Jornal da Tarde confirmam que jovens sem diagnóstico de TDAH, interessados apenas em aumentar a capacidade cognitiva, têm procurado o remédio. O problema é que a droga, que já é vendida até mesmo pela internet, pode desencadear uma série de efeitos colaterais se mal administrada: convulsões, taquicardia, dificuldade para respirar, confusão mental e espasmos musculares.

O neurologista Rubens Gagliardi, membro da Academia Brasileira de Neurologia, afirma que a Ritalina é potencialmente perigosa para pacientes com problemas cardiovasculares, uma vez que a substância é um tipo de anfetamina. “Nessas pessoas podem ocorrer interações medicamentosas danosas ao organismo”, explica. Há, ainda, problemas de dosagens. Se grande parte das crianças com TDAH toma meio comprimido por dia para se tratar, nos fóruns dos ‘concurseiros’ na web há relatos de gente sem a doença que ingere duas cápsulas de uma só vez. As informações são do Jornal da Tarde.

AE

segunda-feira, 25 de junho de 2012

NEURO MITOS


Revista Nova Escola
Junho/2012

Você sabe o que são neuromitos?
Nada melhor para um professor do que terminar uma aula com a sensação de dever cumprido: novos conhecimentos desenvolvidos, olhares atentos, discussões produtivas, crianças envolvidas e cada vez mais sabidas. Porém, quem nunca se sentiu frustrado diante de um aluno que apresenta grandes dificuldades, apesar dos seus esforços em ensiná-lo? Ou ao se deparar com garotos e garotas que não se concentram nas aulas? Nesse cenário, as descobertas da Neurociência sobre como o cérebro funciona servem de base para uma série de tentativas de explicar ou reverter casos de fracasso dos alunos - e do professor em ajudá-los.
Algumas ideias oriundas de dados neurocientíficos, porém, não passam de especulações, que acabam sendo derrubadas posteriormente. São os chamados neuromitos. Conheça cinco deles, saiba como surgiram e por que não se mostraram consistentes:

Mito 1 Há períodos críticos para cada aprendizagem. Se a pessoa não aprender durante esse período, ela não desenvolverá mais esse conhecimento
Embasamento: O conceito de períodos críticos provém de experimentos comportamentais feitos com animais. Um deles foi realizado nos anos 1960 por Torsten Wiesel e David Hubel, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Eles cobriram um dos olhos de um gato e tiraram a venda apenas três meses depois, para investigar que efeito isso teria no cérebro do animal. A área neuronal responsável pela visão foi severamente danificada e o gato ficou cego do olho que havia sido tampado. A partir de constatações como essa se concebeu a ideia de que existiriam janelas de aprendizado, ou seja, passado o período crítico para desenvolver certo conhecimento, não seria possível mais recuperá-lo.

Como foi derrubado: Pesquisas posteriores já reconhecem que essas janelas não são tão fortemente delineadas e são influenciadas por outros fatores, como o tipo de estímulo. O termo usado passou a ser “período sensível” ao estágio de desenvolvimento. Além disso, embora possam existir fases sensíveis para determinados aprendizados, a capacidade de formar sinapses, ou seja, de o cérebro fazer novas ligações entre os neurônios, se mantém durante toda a vida do sujeito. É o conceito conhecido como plasticidade cerebral. Isso indicaria que as pessoas podem aprender em qualquer momento da vida. “O aprendizado de uma segunda língua, por exemplo, é feito com perfeição nos primeiros anos de vida, enquanto uma aprendizagem posterior geralmente não pode evitar a presença de um sotaque evidente. Contudo, mesmo isso pode, em certos casos, ser corrigido, mas acarreta um grande esforço adicional”, dizem os médicos e doutores em Ciência do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Ramon M. Cosenza e Leonor B. Guerra no livro Neurociência e Educação: Como o Cérebro Aprende (151 págs., Ed. Artmed, tel.: 0800 703 3444, 44 reais).

Mito 2 É preciso estimular a criança ao máximo até os 3 anos de idade, que é quando o cérebro humano está no auge da quantidade de conexões sinápticas e de neurônios

Embasamento: De fato, diversas investigações científicas comprovam que, nos primeiros dez meses de vida, o bebê tem um aumento imenso da quantidade de proliferação sináptica, que supera a de um adulto. Depois, aquelas estruturas neurais que não são usadas ou são pouco eficientes vão sendo eliminadas. Com isso passou-se a acreditar que era necessário aproveitar esse período da vida da criança para inundá-la de informação e estimulá-la ao máximo, assim ela iria atingir um grau maior de desenvolvimento cognitivo.

Como foi derrubado: Não há nenhuma comprovação científica que ateste a eficácia de submeter uma criança pequena a uma quantidade muito elevada de estímulos e a informações complexas demais para a faixa-etária dela. Além disso, a queda da quantidade de sinapses já é vista pelos neurocientistas como uma forma natural de eliminar gastos desnecessários de energia do corpo e de lapidar as funções cerebrais. No artigo Pedagogy meets neuroscience (Pedagogia encontra neurociência, em português), publicado na revista Science em 2005, a psicóloga Elsbeth Stern afirma que as crianças que são incentivadas a memorizar fatos isolados no início da vida não apresentam melhor retenção a longo prazo do que seus pares, que não foram submetidos a uma bateria de estímulos do tipo.

Mito 3 Usamos somente 10% da capacidade de nosso cérebro

Embasamento: Não se sabe exatamente quando e porque esse mito surgiu. Uma das hipóteses é que tenha sido uma má-interpretação de parte do texto The Energies of Men (As energias do homem, em português), de William James (1842-1910) - considerado um dos fundadores da psicologia nos Estados Unidos -, em que ele dizia que a maioria das pessoas põe em prática apenas uma pequena parte de seu potencial intelectual.

Como foi derrubado: Diversas técnicas empregadas pela neurociência de medição da atividade cerebral (tomografia, ressonância magnética etc) mostram que não existem áreas inativas no cérebro. O neurologista Barry L. Beyerstein afirma no artigo Do we really use only 10% of our brains? (Nós usamos realmente só 10% de nosso cérebro?, em português), na revista Scientific American, em 2004, que ninguém jamais encontrou uma porção do cérebro que nunca tivesse sido usada.

Mito 4 Pessoas que utilizam o lado esquerdo do cérebro têm facilidade para comunicação oral e são mais lógicos. Já aquelas que usam o lado direito são mais criativas e artísticas

Embasamento: Dentre as diversas investigações envolvendo esse conceito, uma pesquisa conduzida pelo neurocientista Roger Sperry, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, o psicólogo Michael S. Gazzaniga, da Universidade da Califórnia em Santa Barbara, desde a década de 1960, que analisou pacientes submetidos a cirurgia para separar os dois hemisférios cerebrais na tentativa de interromper um tipo de epilepsia, mostrou que realmente os dois lados do cérebro são bastante diferentes. Em grande parte das pessoas, o esquerdo cuida dos aspectos da linguagem, enquanto o direito especializa-se em uma parte significativa das habilidades visuais e espaciais.

Como foi derrubado: Estudos neurocientíficos sugerem que os dois hemisférios funcionam de forma coordenada e mesmo as diferenças existentes são relativas. O livro Compreendendo o Cérebro, da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE), afirma: “dados recentes mostram que, quando o processo de leitura é analisado em seus componentes menores, subsistemas são ativados em ambos os hemisférios cerebrais”.

Mito 5 O “efeito Mozart” - Crianças que ouvem músicas de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) se tornam mais inteligentes.
Embasamento: Em 1993, Gordon Shaw e Frances Rauscher, pesquisadores da Universidade da Califórnia, fizeram um experimento com estudantes universitários em que um grupo escutava a Sonata para Dois Pianos em Ré Maior, de Mozart, e o outro não. Depois, os participantes dos dois grupos tinham de responder a um teste de inteligência. Os resultados dessa pesquisa demonstrou que aqueles que haviam ouvido à musica apresentaram resultados melhores no teste.
Como foi derrubado: Nenhum outro cientista foi capaz de reproduzir os resultados alcançados por Shaw e Rauscher. Claudia Lopes da Silva, doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) com a tese Concepção histórico-cultural do cérebro na obra de Vigotski, diz que: “Embora outros pesquisadores não tenham conseguido repetir estes resultados (o que torna as conclusões do estudo não fundamentadas), isso não impediu que a pesquisa ganhasse grande popularidade, chegando ao ponto em que os governos dos estados norte-americanos do Tennessee e da Geórgia viessem a distribuir um CD de Mozart para cada recém-nascido”.


O MOSAICO DE MEMÓRIAS





Coletamos ao longo da vida um imenso repertório de memórias em nossas mentes. Pessoas, lugares, eventos, estórias, habilidades variadas e muitos detalhes triviais. Como é possível seguir acumulando informações por tanto tempo, sem confundi-las ou esquecê-las no caminho? Como é possível evocar a textura fina dos fatos passados, muitas décadas depois de sua ocorrência? Que mecanismos permitem-nos modificar lembranças antigas de maneira seletiva, sem causar danos às lembranças associadas? De que matéria resistente e plástica são feitas as memórias?

Sabemos hoje que as memórias residem na vasta rede de células excitáveis que compõem o sistema nervoso, os neurônios. Cada neurônio se interliga a milhares de outros por intermédio de microestruturas chamadas sinapses. São estes minúsculos pontos de aproximação inter-celular que permitem a propagação em cascata da excitação neuronal. Embora a distância sináptica entre duas células seja muito pequena, raramente verifica-se um contato físico direto.

A grande maioria das sinapses apresenta uma separação celular da ordem de 20 nanômetros. Nestes casos, a transmissão da ativação de uma célula a outra é unidirecional e baseia-se na difusão de neurotransmissores, moléculas liberadas por um neurônio pré-sináptico capazes de ativar receptores químicos na célula pós-sináptica. Dependendo dos tipos de neurotransmissores e receptores envolvidos, tal processo pode determinar tanto a excitação quanto a inibição das células pós-sinápticas. Qual é a relação entre a transmissão sináptica e a formação de memórias?
Quando uma sinapse é estimulada com alta frequência, observa-se um aumento subsequente de sua eficácia de transmissão, isto é, a célula pós-sináptica passa a responder de forma aumentada a um estímulo pré-sináptico. Por outro lado, uma estimulação de baixa frequência resulta na redução prolongada da transmissão sináptica. Tais efeitos, conhecidos respectivamente como potenciação e depressão de longo prazo, conferem às sinapses uma memória fisiológica dos eventos recentes. A potenciação de longo prazo permite que sinapses muito utilizadas se tornem mais fortes ao longo do tempo. Da mesma forma, a depressão de longo prazo enfraquece sinapses pouco utilizadas.

Recentemente demonstrou-se que a estimulação de sinapses isoladas causa um fortalecimento local, sem alteração das sinapses vizinhas (Matsuzaki et al., 2004, Nature 429: 761-766). O truque por trás desta façanha tecnológica foi a utilização de neurotransmissores sintéticos que se tornam ativos apenas quando iluminados por lasers de alta precisão. Este método revelou que a estimulação de sinapses isoladas causa uma expansão persistente e tópica do volume pós-sináptico. Esta expansão converte sinapses imaturas, pequenas, fracas e instáveis em sinapses maduras, grandes, fortes e estáveis. Assim, a estimulação de redes neuronais específicas causa modificações morfológicas ao longo de toda a trajetória de ativação sináptica, resultando na estocagem duradoura dos padrões de excitação neuronal aos quais chamamos memórias. Considerando que o cérebro humano contém cerca de 100 bilhões de neurônios, que cada neurônio tem cerca de 10 mil sinapses, e que cada sinapse pode ser potenciada ou deprimida com várias magnitudes diferentes, não é difícil conceber que nossa estupenda capacidade de memorização reflete o pontilhado combinatorial da codificação sináptica. Que aspecto têm as memórias? Se fossem as telas de um pintor, este seria Seurat.